O prolífico produtor britânico Luke Vibert está de volta aos discos com "Toomorrow", lançado hoje mesmo na editora londrina Ninja Tune. Vibert utiliza desta vez o alias Wagon Christ de entre vários outros nomes que tem usado para fazer música (Plug, Spac Hand Luke, The Ace of Clubs e também o seu próprio nome com o qual lançou em 2009 o excelente "We Hear You" na Planet Mu). Considerado um especialista na criação de música exótica, a partir de samples vocais caricatos e ritmos psicadélicos, Vibert é o tipo de dj e produtor que nunca se leva demasiado a sério, sabe rir de si próprio e divertir-nos com a música que faz. Tal como é habitual na sua persona Wagon Christ, o álbum é composto por uma miríade de samples que apontam em outras tantas direcções musicais e que giram em torno dos samples vocais. Sente-se que se diverte imenso no processo de criar e que prefere antes de mais, o jogo e o acaso ao juntar as partes para formar o todo. E as partes vêm das mais variadas proveniências desde o trip-hop, o funk, a electrónica downtempo, o acid house, o hip-hop ou o disco, misturados com suprema inteligência para deleite dos nossos ouvidos. Desta forma o produtor consegue criar momentos de pura espontaneidade e surpresa, com o seu caos calculado e irreverente.
Escutem-se, por exemplo, o tema título "Toomorrow" que parece uma rave de brincar, a faixa "Manalyze This!" com o seu baixo corrosivo e carregada de teclados em loop ou a soberba "Accordian McShane" onde é colocado um som de órgão transbordante sobre camadas de ritmos e um belíssimo baixo circular. No tema "Respectrum" assistimos a um revival de groove funk dos anos 70 e em "Wake Up" há mais sabor acid house e samples arábicos sobre uma batida que ultrapassa qualquer estilo. O delírio disco que é "Lazer Dick" também merece ser salientado, bem como o funk hip-hop de "Chunkothy".
Vibert, como sempre, consegue desafiar convenções ao longo de cerca de uma hora e ao mesmo tempo realizar um álbum coerente e eclético.
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