quinta-feira, 5 de maio de 2011

Concerto | Aloe Blacc na Aula Magna: oh lord, I believe!

O primeiro concerto de Aloe Blacc em território nacional (e último desta digressão europeia que começou em Março) fez com que o público rumasse em massa e atempadamente para encher a há muito esgotada sala da Aula Magna. Às dez horas em ponto começou a primeira parte da noite, a cargo da australiana Maya Jupiter que ofereceu em 30 minutos bastante groove e presença de palco algo festivaleira, revelando-se mais como mc do que como cantora, o timbre da sua voz a espaços a mostrar-se até um pouco estridente. Deu para animar as hostes. 

Às 22h35 teve início a festa com o muito esperado autor do single radiofónico “I Need A Dollar” a entrar vestido a preceito com um colete justo sobre camisa azul bébé e ao som de um “cheirinho” dos acordes da canção que lhe deu visibilidade, uma das melhores canções de 2010. Imediatamente o californiano solicitou o apoio e palmas dos presentes que colocaram braços no ar e ancas a mexer desde o primeiro ao último minuto desta descarga soul, r&b, funk e jazz transpirada por todos os músicos da banda designada The Grand Scheme que contagiou toda a imensa plateia com muita gente de pé. Após três canções de rajada incluíndo as viciantes “You Make Me Smile” e “Hey Brother”, com a plateia rapidamente na mão e conversa bem disposta com o público, seguiram-se temas mais calmos como “Miss Fortune”, “Good Things” ou “Take Me Back”. O soalho de madeira do palco mostrou-se o melhor aliado da dança ensinuante de Aloe Blacc, mesmo a calhar para os seus movimentos lânguidos. Houve tempo para o cantor homenagear os seus (e nossos) grandes heróis como James Brown, Stevie Wonder, Marvin Gaye ou Al Green. A sua voz mostra-se quente, maleável e segura desde os sons mais graves aos belissimos falsetos, delícia em estado puro com “Politician” e o hit “I Need A Dollar” agora sim em versão revista e aumentada a receberem grandes coros no refrão e estrondosas ovações. E após uma hora de concerto, uma pausa com Maya Jupiter a anunciar a presença de Aloe Blacc a 28 de Julho no festival Cool Jazz Fest. Acto contínuo, plateia em delírio absoluto. 

A seguir mais meia hora de canções com uma excelente versão de “Billie Jean” de Michael Jackson, um dueto com Maya Jupiter no tema “Rico” e a fechar “Loving You Is Killing Me” com Aloe a despedir-se e a ser o primeiro a abandonar o palco após pedir palmas para os vários músicos que o acompanharam, incluíndo dois cubanos nas congas, no saxofone e no trompete, um baterista fabuloso, um teclista que usou e abusou dos sons de mellotrons, fender rhodes e hammonds e um guitarrista capaz de destilar solos e riffs qb. Os arranjos das canções resultaram sempre sumptuosos e perfeitamente pontuados pela voz adocicada de Aloe. Uma auspiciosa estreia em palcos lusos, previsivelmente festiva, cheia de elogios do cantor ao público e com este a corresponder em pleno. Ao ouvir estas canções, na sua maioria do álbum “Good Things”, não conseguimos deixar de acreditar que estamos mesmo num qualquer ano da década de 1970 e isso é um grande elogio.

E aqui ficam os vídeos oficiais dos temas que encerraram a noite.



Sem comentários:

Enviar um comentário