Nicolas Jaar nasceu em Nova Iorque mas foi viver para Santiago do Chile tendo regressado à sua cidade de nascença ainda durante a adolescência. Influenciado por Keith Jarret, Mulatu Astatke e Erik Satie começou a fazer música electrónica com um certo carácter orgânico e introspectivo a partir de 2004 com 14 anos. Aos 17 anos de idade fez a sua estreia em disco com "The Student EP" de 2008 na editora nova-iorquina Wolf + Lamb com uma remistura para Seth Troxler que o designou como "uma das mais talentosas mentes que a música de dança está prestes a ver desenvolver-se". Aos 18 continuava a produzir e a tocar ao vivo, nomeadamente no Club Der Visionaire and Arena em Berlim, no Marcy em Brooklyn, no Communikey no Colorado e no Mutek na Cidade do México. Aos 19 anos iniciou os estudos na Brown University de Rhode Island e teve lançamentos na Circus Company, Wolf + Lamb e também na sua própria editora Clown and Sunset.
O jornal The Guardian comparou-o a Ricardo Villalobos e Aphex Twin. Agora, com apenas 21 anos lança o seu álbum de estreia "Space Is Only Noise" possuidor de um deep house de travo sul-americano e injectado com hip-hop, fazendo jus ao seu ecletismo na produção. Com grooves melancólicos e algumas letras em francês, Jaar descreve o seu som como "angústia rítmica" e aponta “Thé Au Harem D’Archimède” (Perlon, 2004) como o disco que mais o marcou, oferecido pelo pai em Santiago do Chile. Encontram-se ecos desse disco de Villalobos em "Space Is Only Noise", que parte do jazz e da música africana e se dirige ao tecno, ao lounge, ao minimal e ao dubstep, compondo as canções com piano e voz, misturando todas estas referências num cocktail ambient/downtempo com algumas vibrações por vezes quase góticas. A espaços chega também a recordar um pouco o produtor argentino Matias Aguayo, o mexicano Murcof ou mesmo DJ Shadow.
Os temas têm uma atmosfera lenta (normalmente por volta das 90-110 bpm), sensual, fumarenta e há pedaços de spoken-word (um dos heróis de Jaar é Leonard Cohen). Destaque para o tema-título com uma muito apropriada linha "Grab a calculator and fix yourself" e para os temas "Colomb", o sample de Ray Charles em "I Got A Woman" e o tom mais techno de "Specters of The Future". Uma estreia em álbum deveras promissora dada a mestria revelada no depurado resultado final e no cunho pessoal que Nicolas Jaar foi capaz de imprimir a todo o disco. Música electrónica de múltiplas camadas com um twist e com excelente construção sonora.
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